quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Palmeira elegante encontrada na nossa floresta em quantidades significativas (PNT), é o mais famoso de todos os palmitos e isso se deve em parte ao delicioso paladar do interior de seu estípite (bainha da folha).

Sua origem é a Mata Atlântica e podia ser encontrada na época do descobrimento, desde o litoral até altitudes superiores a 1.000 metros, mas atualmente só é encontrado em áreas protegidas por lei em unidades de conservação.

Para o homem sua utilidade além do palmito comestível, reside no fato em que o tronco serve para a fabricação de ripas que são aproveitadas na construção de telhados, paredes e assoalhos das casas.

Seu crescimento é lento e sua frutificação se dá em média oito anos após o plantio, sendo este um dos motivos para a sua extinção em locais onde era abundante.

Várias palmeiras já foram testadas para substituir o palmito, mas no comércio é ela a mais procurada e a mais encontrada ainda.

O açaí (Eutherpe olerácea) é uma palmeira utilizada visando substitui-la na produção de palmito, é abundante nas matas ciliares da Amazônia e está sendo alvo de cultivos economicamente sustentáveis nesta região. No nosso mercado, supre a necessidade dos consumidores no período da entressafra, seu paladar é ligeiramente mais amargo e é mais fibroso que o palmito Jussara. Tem a vantagem de se reproduzir em touceiras coisa que o Jussara não faz. Existe um híbrido das duas espécies, entre o Jussara e o açaí, que se reproduz em touceiras, mas ainda não se tem notícias desse produto no mercado consumidor.

A pupunha (Bactris gasipaes) é outra palmeira utilizada para substituir a jussara, tem a vantagem de produzir em três anos e também cresce em touceiras e o seu paladar ainda não foi totalmente aceito por alguns consumidores, havendo quem diga que é idêntico. Tem também a vantagem de produzir frutos com fécula comestível.

Além dessas, outras palmeiras produzem palmito comestível, como a palmeira real (Roestonia olerácea), a palmeira imperial (Roestonia regia), a seafortia (Archontophoenix alexandrae, da Austrália), a patioba que produz o palmito amargoso e a guariroba (Syagrus olerácea) entre outras.

Para a fauna a jussara é insubstituível na Mata Atlântica (sendo comparável ao açaí na Amazônia), e chega a produzir por palmeira cerca de 2.500 frutos num período de 4 meses, na época mais seca do ano, ou seja, de maio a agosto.

Seus frutos fornecem pigmentos carotenóides ricos em pró-vitamina A, ferro e água, substâncias que são importantes tanto para a produção de energia na estação fria como para regular o intestino animal na estação seca, dando subsídios para seu fortalecimento no período mais crítico do ano. A vitamina A fortalece a pele, as unhas, o pelo dos animais e as penas das aves além de favorecer a formação de hemoglobina. O ferro também entra na composição da hemoglobina que é responsável pelo transporte de oxigênio no sangue.

Não é à toa que vários animais são encontrados nos palmitais, desde antas, porcos e onças, até macucos, mutuns e papagaios. 

Na Floresta da Tijuca encontramos, em áreas de maior concentração de palmitos, na época de sua frutificação, diversos animais como, papagaios, quatis, tucanos, araçaris, juritis, arapongas, jacus, urus, sabiás, saracuras, esquilos e muitos outros animais que se beneficiam diretamente ou indiretamente com seus frutos.

A alta dispersão dessa palmeira na floresta, mostra a sua importância para estes animais, que em troca trazem outras sementes como a copaíba, a bicuiba, vários tipos de canelas, rubiáceas e frutos diversos.

Em longo prazo, o palmito jussara é um dos maiores investimentos para a fauna local em áreas de reflorestamentos e apesar do açaí ser bastante produtivo em nossa região, não devemos introduzi-lo nas florestas da cidade em lugar da jussara, pois o açaí é nativo de outra região. 

Evite consumir palmito nativo, procure saber a procedência do produto, pois um vidro na estante do mercado, pode representar uma palmeira que demorou de 8 a 20 anos para se desenvolver, um vidro apenas.

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